Arara-azul-de-lear enfrenta risco crescente de morte por rede elétrica na Bahia
Estudo indica que a adaptação de apenas 10% dos postes de energia no Raso da Catarina poderia reduzir em até 80% as mortes da espécie
A arara-azul-de-lear, espécie endêmica do norte da Bahia que esteve próxima da extinção nos anos 1990, agora enfrenta um novo obstáculo para sua sobrevivência: a rede elétrica. Entre janeiro e agosto de 2025, 35 aves morreram por eletroplessão — acidente causado quando entram em contato simultâneo com fios de energia. Apesar de a população ter se recuperado para cerca de 2.500 indivíduos após décadas de conservação, a expansão da rede elétrica na Caatinga, que cresceu 30% entre 2018 e 2023, representa uma séria ameaça.
Um estudo apoiado pela FAPESP e publicado no Journal of Applied Ecology identificou os locais de maior risco no Raso da Catarina, onde vive 90% da população da espécie. Os resultados mostram que a modificação de apenas 10% dos postes mais perigosos poderia reduzir até 80% dos acidentes. A análise de custo-benefício apontou ainda que mudanças em 1% dos postes já preveniriam cerca de 35% das mortes, mas para garantir a viabilidade da espécie seria necessária uma mitigação mais ampla, próxima de 90%.
Entre as soluções propostas estão a substituição de postes e o desenvolvimento de dispositivos que ofereçam pouso seguro às aves. “É fundamental encontrar medidas eficazes para evitar novas mortes e preservar a espécie”, destaca Larissa Biasotto, pesquisadora da BirdLife International e autora principal do estudo.
De acordo com os cientistas, o modelo de mapeamento adotado também pode beneficiar outras aves ameaçadas da Caatinga, como a ararinha-azul, atualmente em processo de reintrodução em seu habitat natural.
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